quinta-feira, maio 07, 2009

Crise: particulares criam redes sociais de crédito

Caso de sucesso na vizinha Espanha. Dificuldade de financiamento junto da banca estimula novos negócios

A crise está instalada e não é só económica. No campo financeiro os impactos são variados, e entre eles está a maior dificuldade em se conseguir um empréstimo junto da banca, seja o cliente particular ou empresa. As condições de concessão de crédito estão cada vez mais apertadas e os spreads cada vez mais altos. Mas, para os particulares, pode haver uma alternativa.

O sistema não é novidade, segundo noticiou recentemente a Renascença, e existe já em vários países europeus, onde os clientes da banca defrontam as mesmas dificuldades. Em alternativa aos bancos e outras instituições financeiras, as pessoas estão a criar uma rede de financiamento entre particulares.
Estas redes, chamadas de crédito «person to person», consistem numa rede social de empréstimos entre particulares. Nestas redes, cujo modelo se estreou na Europa pela mão do Reino Unido, os particulares com dinheiro disponível para emprestar concedem crédito a outros que necessitem de financiamento.

3 mil utilizadores em Espanha em poucos meses

Além do Reino Unido, outros países contam já com redes destas, como a França, a Itália, a Polónia, a Alemanha e até a vizinha Espanha, onde o modelo começa a ganhar terreno. A mediação destes processos é feita por uma empresa, a Comunitae, cujos promotores são José Miguel Rotaeche e Arturo Cervera, dois ex-directores do BBVA. A Comunitae gere a rede e procura assegurar que as coisas correm bem, impondo algumas regras. Os utilizadores ascendem já a três milhares.

De acordo com dados da empresa, os empréstimos contraídos nesta rede podem ir dos três aos 15 mil euros, por períodos de dois ou quatro anos.

Regras para diminuir o risco e seguros de protecção de pagamentos

A Comunitae funciona como os créditos pessoais disponíveis nos bancos. «Os candidatos aos empréstimos são analisados, do ponto de vista do risco» que têm associado, e «é-lhes atribuída uma notação de risco», uma espécie de rating que mede o risco de os devedores deixarem de pagar.

Outra das regras de segurança impostas pela Comunitae é a «diversificação do risco». Ou seja, «o dinheiro emprestado por uma pessoa nunca é atribuído a um único candidato, mas antes dividido por vários», para que o risco de incumprimento seja minimizado.

A empresa está ainda a estudar a criação de um seguro de protecção de pagamentos e tem já uma empresa de recuperação de crédito, que acciona quando os devedores deixam de pagar as prestações.

Comunitae cobra comissões a ambas as partes e juro é acordado entre elas

Neste sistema é cobrada uma comissão anual a quem empresta dinheiro, de 1%, a título de manutenção, e outra de 5% a quem pede o empréstimo.

«A taxa de juro a cobrar pelo empréstimo é fixada por acordo entre as duas partes» e normalmente varia entre os 7 ou 8%, se o risco do cliente for baixo, e os 15%, quando o cliente apresenta maior risco de incumprimento.

Na vizinha Espanha, esta actividade não está regulada pelo Banco de Espanha, por não existir qualquer legislação sobre esta matéria.

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